Gabriela Duarte faz relato do que viu em Israel no início da guerra e revela que experiência estará em autobiografia

Famosos
Atriz estava com a família em Tel Aviv quando começou o conflito com o Hamas e relata como foram as 36 horas que passou no país sob ataque. Gabriela Duarte
Jairo Goldflus/Divulgação
Enquanto o mundo vive a expectativa pela libertação de 50 reféns israelenses nesta quinta-feira (23) pelo Hamas, a atriz Gabriela Duarte, 49 anos, ainda tenta esquecer os momentos de tensão que viveu em Israel com a família logo no início do conflito.
Ela, seu ex-marido, o fotógrafo Jairo Goldflus, e os dois filhos do casal, Manuela de 17 anos, e Frederico de 11, estavam no país para passar férias quando foram surpreendidos pelos primeiros bombardeios no local.
A família chegou a Israel no dia 6 de outubro, um dia antes do início do conflito com o Hamas, e viveu 36 horas de medo e insegurança, com horas trancados em um bunker e tentativas desesperadas para deixar o país.
A experiência, adianta Gabriela, estará em uma autobiografia que será lançada em breve. Mas ao gshow, a atriz contou como foi ver a família em uma região de conflito armado e como tem lidado com as memórias desses eventos. Confira o relato!
Momentos tensos em Israel
“O pior momento que nós vivemos em Israel foi no dia que a gente chegou, já que no dia seguinte começou a guerra. Eventualmente, a ficha demora para cair. Mas quando a gente percebeu e quando a gente começou a ouvir das pessoas de lá, das pessoas do hotel, que era uma coisa séria, que a gente não poderia sair do hotel, que todas as vezes que a gente ouvisse a sirene teria que descer para o bunker, a gente começou a entender que a coisa era realmente muito grave.”
Sirenes
“Fizemos exatamente o que era para ser feito: as sirenes tocavam, a gente descia. Às vezes, passava ali 15, 20 minutos, meia hora, uma hora, e depois subia para o quarto. Foram momentos muito tensos, porque você está com criança. Por mais nervosos que estivéssemos, tínhamos que acalmá-los.”
Mísseis
“No primeiro dia, ouvi pelo menos dois mísseis atingindo Tel Aviv, que era onde a gente estava. Um deles, consegui ver o lugar que ele atingiu. Uma fumaça preta, aquele barulho que demora a sair da sua cabeça. Todas as descidas e subidas do bunker eram muito difíceis. A partir desse primeiro dia, a gente começou a perceber que tinha que sair de lá o quanto antes, sair para qualquer lugar, e o lugar que encontramos foi Praga. Fomos para o aeroporto, o voo foi cancelado, entramos numa fila de espera. Eram quatro pessoas, não era tão simples, mas conseguimos sair de lá às 2h30 da manhã, em uma companhia israelense, o que foi importante porque as outras estavam cancelando.”
Alívio
“Quando cheguei dentro do avião, e percebi que a gente tinha conseguido sair de Israel, foi que eu fiquei mais aliviada e consegui relaxar todos os músculos do meu corpo. Não consegui dormi, estava comendo muito muito mal.
Como em nenhum momento a gente perdeu a comunicação, quis deixar fãs, amigos e familiares sempre muito cientes de tudo que estava acontecendo com a gente, esses dez dias que a gente ficou lá (fora do Brasil), cada oração nos ajudou a sair de lá e que acontecesse o melhor.
Nosso guia foi fundamental para nos tirar de Israel, por falar hebraico. Com o inglês que a gente fala, talvez a gente fosse ter mais dificuldade. O fato dele estar ali falando hebraico, explicando a situação com clareza foi fundamental.”
Alívio ao chegar em casa
“Foi um alívio enorme. Tudo que eu queria era estar em casa porque, depois que a gente saiu de Israel, não tinha mais sentido uma viagem. A sensação de insegurança pelo que a gente tinha vivido estava muito presente ainda. Foi uma viagem que tinha uma tensão, uma vontade de estar em casa”, diz.
“Depois do que aconteceu em Israel, a gente queria estar em casa”.
Trauma na companhia dos filhos
“As crianças ficaram muito, muito, assustadas. A Manu já é uma adolescente, quase uma mulher. com 17 anos, ela consegue entender melhor e captar com mais clareza o significado das coisas. O Fred (11 anos) com menos ferramenta pra lidar com aquele sentimento de medo, de pânico, de desespero.
Foram os piores momentos: olhar pra eles e ter que dizer que vai ficar tudo bem, sabendo que ia… Alguma coisa ia nos tirar de lá, nos ajudar, mas você nunca tem essa certeza absoluta”.
Família lidando com as memórias
“Acho que a gente tá numa fase, desde que voltou, que a gente precisa ainda elaborar algumas coisas fundamentais. Por que a gente estava lá naquele momento? Por que a gente foi e ficou 36 horas em Israel? As crianças fazem terapia, por sorte, já faziam. Isso tá sendo muito conversado na terapia deles, na minha também. E contar pras pessoas tem sido um exercício importante de colocar pra fora. De medo, de gratidão, por todos que rezaram, pediram, mandaram mensagem. não dá pra separar o que é mais importante.. só o tempo vai colocando as coisas nos seus devidos lugares”.
Viagem planejada desde antes da pandemia
“Essa viagem foi planejada há muitos anos, 3 anos, pouco antes da pandemia, foi sendo adiada em função da pandemia, depois nos separamos, mas a vontade de mostrar pros nossos filhos as raízes do Jairo, em Israel, sempre prevaleceu. É uma pessoa que tenho uma relação ótima, de companheiros, de parceiros, de pais do Frederico e da Manuela pro resto da vida, com quem estive casada 20 anos. Os planos foram frustrados em função de uma coisa que ninguém jamais sonhou”.
Planos frustrados, mas em segurança
“Hoje, a gente vê a proporção que tomou e fica muito triste, com coração pesado, dilacerado, com a perda de tantos inocentes de todos os lados. E nós estivemos lá vivendo esse momento horrível que vai ficar pra sempre manchando a história da humanidade.”
Lembranças em livro autobiográfico
“Estamos em processo, eu e a Brunna Condini(jornalista) de escrever a biografia. Espero que a gente consiga terminar, agora com mais um capítulo, ele não foi planejado, mas ele vai com certeza entrar, um momento muito marcante da minha vida. A previsão é que até o final do ano a gente tenha esse manuscrito”.

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