Mãe comemora alta de gêmeas após cirurgia de separação: ‘Estamos voltando com cada uma em um colo’

Brasil
Allana e Mariah, de 2 anos, passaram por quatro procedimentos até serem separadas totalmente. Evolução do quadro tem surpreendido equipe médica que as acompanha desde o nascimento. HC de Ribeirão promove encontro das quatro gêmeas siamesas
Mãe das gêmeas siamesas Allana e Mariah, Talita Cestari comemorou a alta das meninas após três meses da última cirurgia que as separou completamente, realizada em agosto deste ano, no Hospital das Clínicas, em Ribeirão Preto (SP).
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As duas nasceram unidas pela cabeça, em um caso extremamente raro, que acontece uma vez a cada 2,5 milhões de nascimentos.
Allana e Mariah estão se recuperando bem, após cirurgia de separação total em Ribeirão Preto (SP)
Carlos Trinca/EPTV
A família é de Piquerobi (SP), mas se mudou para Ribeirão por conta do tratamento das gêmeas, que são acompanhadas por equipes médicas do HC desde 2021, quando nasceram. Com a boa recuperação das meninas, eles voltam para a cidade natal no fim de semana.
“Estamos muito felizes de ver essa evolução tão grande que elas vem tendo. Elas estão bem e a gente também. Está chegando na reta de ir pra casa, estamos voltando pra casa depois de bastante tempo e voltando com elas bem, cada uma em um colo, cada uma em um braço. Esta equipe [médica] nos acolheu tão bem, nos abraçou e . Não foram somente médicos para nós, nos presentearam com essas duas pequenininhas separadas”.
As gêmeas Allana e Mariah após separação definitiva de crânios no HC em Ribeirão Preto, SP
HC/Divulgação
O caso de Allana e Mariah é raro, mas não é o primeiro que é tratado no HC de Ribeirão. Em 2018, a equipe médica realizou a cirurgia de separação de Maria Ysadora e Maria Ysabelle.
Nesta quarta-feira (22), as duas famílias se reuniram para um encontro emocionante, com as quatro meninas bem e em recuperação.
Familiares de Maria Ysabelle e Maria Ysadora, e Allana e Mariah se encontraram nesta quarta-feira (22), no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP)
Reprodução/EPTV
Células tronco foram utilizadas para formação de novo crânio
Em um caso inédito no mundo, médicos do HC de Ribeirão Preto utilizaram células tronco de Allana e Mariah, de 2 anos, para a formação dos novos crânios, como conta Jayme Farina Júnior, chefe da divisão de cirurgia plástica.
A cirurgia que separou as irmãs definitivamente aconteceu em agosto deste ano.
“Tivemos a ideia de retirar células delas próprias, da medula óssea, e juntarmos com o material específico para a formação de osso, um biomaterial, e utilizamos aquilo como se fosse o rejunte de um piso e as peças do piso seriam o rejunte de osso, que foi retirado daquele anel que unia as cabeças. Felizmente, nós estamos vendo depois de três meses, uma consolidação óssea muito importante”.
Para o chefe do setor de neurocirurgia pediátrica do HC, Hélio Rubens Machado, coordenador da equipe a forma como as meninas se recuperaram nos dois casos — de 2018 e de 2023 — é surpreendente.
“Elas estão bem e apresentando evolução considerada única. A reabilitação é uma etapa extremamente importante, porque nós trabalhamos no cérebro e o cérebro já estava parcialmente lesado e nós precisamos recuperar”.
Segundo ele, é justamente pela capacidade de recuperação do cérebro ser maior quando se é mais jovem, que as cirurgias são feitas quando o paciente ainda é criança.
“Eles têm uma capacidade de recuperação que ninguém, nenhuma outra idade tem. Eles têm uma plasticidade cerebral que permite que a gente recupere, reabilite, mas isso tem de ser feito de uma forma muito intensiva e é esta fase que elas estão agora”.
As meninas seguem em reabilitação e ainda precisam fortalecer a musculatura e aprender a se mover com independência.
“Fisio, fono, terapia ocupacional, enfermagem, psicóloga, todo mundo está trabalhando para que a gente consiga visar um prognóstico melhor para elas, de autonomia”, diz Carla Caldas, neuropediatra e fisiatra.
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