‘Para onde olhar, tem problema grave’, diz especialista sobre caso de professora que beijou aluno

Brasil
Escritora e doutora em Educação, Andrea Ramal, avalia a situação que terminou com a demissão da docente em Praia Grande (SP). Educadora Andrea Ramal avaliou a situação de professora que beijou aluno e contou para outra estudante por mensagem
Reprodução/TV Globo e Reprodução
A professora de artes que beijou um aluno de 14 anos e foi demitida em Praia Grande, no litoral de São Paulo, cometeu uma série de erros sucessivos. Essa é a avaliação da escritora e doutora em Educação, Andrea Ramal. “Para onde a gente olhar, tem algum problema grave”, disse a especialista. A professora também convidou outra estudante da mesma idade para fumar cigarro eletrônico.
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A professora de artes trabalhava na escola municipal Vereador Felipe Avelino Moraes. Segundo apurado pelo g1, ela contou sobre o beijo por mensagem de texto enviada a uma aluna. Ela disse que encontrou o estudante e um amigo na rua. Depois, eles foram ao mercado. “Eles me trouxeram para casa. Aí, aconteceu”, contou ela, nas mensagens. Na conversa, a docente ainda afirmou que queria “transar com ele”.
O caso foi denunciado pela mãe da aluna que recebeu as mensagens da professora. A mulher disse ter pedido para ver as conversas no celular da filha após ter notado uma mudança de comportamento da adolescente. Assim, ela descobriu da relação com o aluno e os convites para fumar cigarro eletrônico (veja no print abaixo).
Print da conversa entre a professora de Praia Grande e a aluna de 14 anos
Reprodução
Análise
“Uma professora não pode se relacionar com o aluno dela, ainda mais ele tendo 14 anos”, argumentou a educadora, em entrevista ao programa ‘Encontro’, da Rede Globo, nesta quinta-feira (23). De acordo com ela, a postura da docente piorou ao confidenciar o caso para outra aluna da mesma turma.
“Quanto à professora em si, no magistério ela está reprovada”, enfatizou.
De acordo com Andrea, a situação da Escola Municipal Vereador Felipe Avelino Moraes – onde ela trabalhava e os alunos estudam – é muito complicada pelo “mau exemplo” da professora, mas também pelo modo como os estudantes reagiram à denúncia sobre o caso. Isso porque um adolescente acabou agredido por ser amigo da aluna que recebeu as mensagens da professora.
A educadora acredita que a administração da unidade escolar precisa tomar uma série de providências. “Desfazer esse mau exemplo que a professora deu, que perturba os adolescentes nessa fase de crescimento e perturba até mesmo a nossa profissão como educadores, como professores. Além disso, trabalhar esse clima de respeito e de afeto dentro da comunidade escolar”, finalizou.
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Reprodução
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Entenda o caso
A professora contou à aluna que encontrou o aluno do 9ª ano do Ensino Fundamental e um amigo dele na rua. Depois, foram ao mercado, e o adolescente a levou para casa, quando ocorreu o beijo. “Eles me trouxeram para casa. Aí, aconteceu”, contou nas mensagens.
A mãe da estudante que conversou com a professora descobriu o caso e denunciou à diretoria da escola. A partir disso, a adolescente e o melhor amigo dela passaram a receber ameaças de colegas.
A situação evoluiu para agressão na última terça-feira (14) quando três alunos bateram no colega — entre eles estaria o estudante que beijou a professora.
A mãe do aluno agredido contou que a diretora da escola permitiu que a professora tivesse acesso ao nome da autora da denúncia, o que desencadeou as ameaças. Ela e a mãe que fez a denúncia acionaram a Guarda Civil Municipal (GCM) e registraram um boletim de ocorrência de ameaça no 3º DP da cidade. Mas, o garoto foi espancado mesmo assim.
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O adolescente foi jogado no chão e agredido com chutes e socos. O trio só parou de bater quando uma vizinha entrou no meio da confusão. O menino foi levado ao Instituto Médico Legal (IML) com ferimentos na boca e, três dias depois, começou a sentir dores abdominais.
Ele foi levado pela mãe ao hospital e, de acordo com a mãe da vítima, os médicos constataram um hematoma interno causado pelas agressões. Na sexta-feira (17), ele foi internado e só recebeu alta na quarta-feira (22).
O g1 tentou contato com a professora, mas não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem.
Prefeitura
Em nota, a Prefeitura de Praia Grande informou que a diretora da unidade escolar adotou as medidas cabíveis à situação, tendo comunicado à Secretaria de Educação (Seduc) assim que soube do ocorrido.
“Por sua vez, após apuração dos fatos, a pasta municipal manifestou-se favorável à extinção do contrato da professora envolvida, portanto, não cabe ao diretor da escola o desligamento do professor. Reiteramos que as providências foram adotadas prontamente para sanar a situação em questão”.
Ainda de acordo com a administração municipal, “no que diz respeito ao anonimato da denunciante, a pasta municipal destaca que o vazamento da informação não partiu da Secretaria e, muito menos, da direção da unidade escolar que adotou todas as medidas cautelares para não expor a aluna”.
Segundo a prefeitura, a direção da escola remeteu os fatos ao Conselho Tutelar, por se tratar de órgão de proteção da criança e do adolescente.
Conselho Tutelar
A conselheira tutelar de Praia Grande (SP), Sueli Agrela, informou à reportagem que o caso demorou para chegar ao órgão. Mas, assim que os conselheiros tiveram conhecimento, começaram a tomar as providências.
De acordo com ela, o órgão prestará apoio psicológico aos adolescentes envolvidos e pretende promover palestras de conscientização na unidade de ensino.
“Escola é um local que eles [alunos] deveriam estar para aprender e ter mais conteúdos e não chegar em uma situação dessa que terminou com um caso de agressão”, disse Sueli. Ela explica que os adolescentes serão convocados, junto com os responsáveis, para comparecerem ao Conselho Tutelar.
Sobre o menino que foi beijado pela professora, ela explica que a família já recebeu o comunicado para comparecer ao órgão. A conselheira afirmou que não foi correta a postura da professora, mas não cabe ao órgão denunciar o caso às autoridades policiais.
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