Prefeitura de SP autorizou compra de 30 mil garrafas com preço três vezes maior do que o praticado no mercado

Brasil
Segundo o Diário Oficial, a gestão municipal pagou R$ 10,55 por unidade de squeeze de 500 ml; a produção do SP2 encontrou produto semelhante por R$ 2,99. Compra de 40 mil bonés é questionada pelo TCM. Distribuição de água na cidade de São Paulo
Reprodução/SP2
A Prefeitura de São Paulo autorizou, de forma emergencial, a compra de 30 mil garrafas de plástico de 500 ml para serem distribuídas à população de rua, mas o valor de cada unidade negociada chega a ser três vezes maior que o encontrado no mercado.
De acordo com o Diário Oficial, o valor unitário de cada garrafa, do modelo squeeze, era de R$ 10,55. O valor total da compra ficou em R$ 316 mil. No varejo, onde o preço costuma ser maior, a produção do SP2 encontrou produto semelhante por R$ 2,99 a unidade.
A própria prefeitura, em abril deste ano, comprou garrafas squeeze personalizadas para o Programa Jogos de Tabuleiros, da Secretaria Municipal da Educação, pelo valor unitário R$ 2,99.
Garrafa de plástico é vendida por R$ 2,99 na internet
Reprodução/SP2
A compra de agora foi autorizada pelo secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Carlos Bezerra Junior. Ele participou de uma audiência pública de finanças e apresentou uma planilha para solicitar um acréscimo de R$ 1,7 bilhão no orçamento da pasta para 2024.
No final da tarde desta quarta-feira (22), o SP2 foi informado de que a compra das squeeze foi cancelada.
“[As compras] foram feitas nos menores valores que nós conseguimos encontrar com os fornecedores disponíveis que encontramos”, afirmou Décio Matos, secretário-adjunto de Assistência e Desenvolvimento Social.
“Por exemplo, no caso dos bonés [leia abaixo], nós recebemos sete propostas e compramos no fornecedor que nos fez a menor proposta. Se há fornecedores que oferecem um valor menor, muitas vezes, eles têm referências que envolvem tempo de entrega, de produção, que é exatamente o que a gente não busca numa compra emergencial”, completou.
‘Desperdício de recurso’, aponta especialista
Para André Luiz Marques, coordenador do Centro de Gestão e Políticas Públicas do Insper, o que faltou na Operação Altas Temperaturas foi planejamento.
“Toda vez que você faz uma compra de emergência, deveria ser para um fato não previsto, extraordinário. A gente sabe que está em época de verão, já está discutindo efeitos de mudança climática. Não faz sentido nem a compra emergencial nem o valor extraordinário que está sendo pago agora”, destacou.
“São R$ 8 por unidade que a população está pagando e não deveria. Poderia ser usada em outras prestações de serviço que não essa com desperdício de recurso”, disse Marques.
Tendas de distribuição de materiais devem funcionar das 10h às 16h sempre que a temperatura ou a sensação térmica atinjam 32°C. Segundo a prefeitura, em pouco mais de uma semana de atendimento, foram distribuídas 225 mil garrafas d’água, 109 mil frutas e quase 4 mil bonés nas tendas.
Compra de bonés questionada pelo TCM
A compra de 40 mil bonés também foi questionada por conta do sobrepreço. O Tribunal de Contas do Município (TCM) quer saber por que a compra, no valor de R$ 860 mil, foi feita sem licitação, em caráter emergencial. Cada boné saiu por R$ 21,50. O prefeito Ricardo Nunes havia anunciado o cancelamento da compra e disse que não estava sabendo.
O que diz a prefeitura
A prefeitura disse que empresa responsável pela venda dos bonés já deu ciência da suspensão da compra e que aguarda a manifestação da empresa que forneceria as garrafas para publicar as suspensões no Diário Oficial.

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