Professora demitida após beijar aluno convidou outra estudante para fumar

Brasil
Mãe descobriu mensagens entre a docente e menina de 14 anos após notar mudança no comportamento da filha. Foi a mulher quem denunciou a professora à diretoria da escola. Professora convidou adolescente para fumar cigarro eletrônico
Reprodução e arquivo pessoal
A professora de artes demitida após ter beijado um aluno de 14 anos em Praia Grande, no litoral de São Paulo, convidou uma estudante da mesma idade para fumar cigarro eletrônico. A mãe da menina, que não será identificada, contou ao g1, nesta quinta-feira (22), que ficou indignada com a situação. “Digamos que estava aliciando a minha filha”.
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O beijo da docente em um aluno do 9ª ano do Ensino Fundamental foi denunciado por essa mãe, que viu as mensagens enviadas pela professora. A mulher disse ter pedido para ver as conversas no celular da filha após ter notado uma mudança de comportamento da adolescente. Foi quando descobriu da relação como aluno e os convites para fumar cigarro eletrônico (veja no print abaixo).
“Todas as mensagens foram muito pesadas”, afirmou a mãe, dizendo que sequer sabia o significado de ‘pod’ [marca de cigarro eletrônico] mencionado pela professora na mensagem. “Quando eu fui puxando na conversa, vi que ela chamou a minha filha para ir para uma adega, que não precisava se preocupar porque ela bancava o pod”, disse a mulher.
A mãe contou que não sabe quantas vezes a filha foi convidada a fumar pela professora, pois a adolescente costumava ir a praça com amigos.
”Digamos que estava aliciando a minha filha, porque na mensagem ela fala: ‘eu banco, eu compro’”.
Crime
O advogado especialista em direitos da infância e juventude e ex-secretário nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Ariel de Castro Alves, explicou que a fala da professora sobre o cigarro eletrônico pode ser grave do ponto de vista legal.
“Pode configurar o crime previsto no ECA [Estatuto da Criança e Adolescente] de entregar ou fornecer produtos ou substâncias nocivas à saúde e que causem dependência”, explicou.
Segundo o artigo 243 do ECA, a pena prevista é detenção de 2 a 4 anos e multa, “se o fato não constitui crime mais grave”. Para isso, a mãe da adolescente deve informar e encaminhar as mensagens que comprovam o fato ao Conselho Tutelar e à delegacia.
Professora de Praia Grande (SP) confessou que beijou um aluno e que teria interesse em ter relações sexuais com ele
Reprodução
Ameaças
A mulher contou ao g1 que chegou a se arrepender de ter feito a denúncia na escola, pois desde que a professora foi demitida, a filha passou a sofrer ameaças de outros estudantes. Um amigo da adolescente, inclusive, chegou a ser agredido gravemente.
De acordo com ela, a direção da Escola Municipal Vereador Felipe Avelino Moraes foi omissa em toda a situação, pois os relatos de ameaças aos jovens foram passados para a escola, que não tomou providências.
“Esse amigo da minha filha deixou ela em casa e quando se virou, eles [outros estudantes] pegaram para bater. Não sei o que fazer, não sei a quem pedir ajuda”, lamentou.
Segundo a mulher, ela só denunciou o caso, pois imaginou que toda a situação poderia causar sérias consequências.
“Me arrependo porque eu não achei que a minha filha sofreria tanto depois que eu fui na escola. Então assim, às vezes a gente vai fazer o certo e acha que é o certo para todo mundo, só que você parece que é louca, que é errada”.
Procurada pelo g1, a Prefeitura de Praia Grande não se manifestou sobre as acusações contra a direção da escola.
Conselho tutelar
A conselheira tutelar de Praia Grande (SP), Sueli Agrela, informou à reportagem que o caso demorou para chegar ao órgão. Mas, assim que tiveram conhecimento, começaram a tomar as providências. De acordo com ela, o órgão prestará apoio psicológico aos adolescentes envolvidos e pretende promover palestras de conscientização na unidade de ensino.
“Escola é um local que eles [alunos] deveriam estar para aprender e ter mais conteúdos e não chegar em uma situação dessa que terminou com um caso de agressão”, disse Sueli, que vai convocá-los, com os responsáveis, para comparecerem ao Conselho Tutelar.
Aluno é agredido por colegas após ser acusado de denunciar professora que beijou adolescente
Reprodução
Sobre a família do menino que foi beijado pela professora, está já recebeu o comunicado para comparecer ao órgão. A conselheira afirmou que não foi correta a postura da professora, mas não cabe ao órgão denunciar o caso às autoridades policiais.
“Você vê que tem um conteúdo ali bem chulo. Mensagens de professora com aluna e parece de coleguinhas de sala. Muito triste”, disse.
Entenda o caso
A professora contou à aluna que encontrou o estudante que beijou e um amigo dele na rua. Depois, foram ao mercado, e o adolescente a levou para casa. “Eles me trouxeram para casa. Aí, aconteceu”, contou nas mensagens.
Após o caso ser denunciado à diretoria da escola, a aluna que conversou com a professora e o melhor amigo dela passaram a receber ameaças de colegas. A situação evoluiu para agressão na última terça-feira (14) quando três alunos bateram no colega — entre eles estaria o estudante que beijou a professora.
A mãe do aluno agredido contou que a diretora da escola permitiu que a professora tivesse acesso ao nome da autora da denúncia, o que desencadeou as ameaças.
Em determinada ocasião, ela e a mãe que fez a denúncia acionaram a Guarda Civil Municipal (GCM) e registraram um boletim de ocorrência de ameaça no 3º DP da cidade. Não adiantou, o garoto foi espancado mesmo assim.
O adolescente foi jogado no chão e agredido com chutes e socos. O trio só parou de bater quando uma vizinha entrou no meio da confusão. O menino foi levado ao Instituto Médico Legal (IML) com ferimentos na boca.
Três dias depois, o adolescente começou a sentir dores abdominais e foi levado pela mãe ao hospital. De acordo com a mãe da vítima, os médicos constataram um hematoma interno causado pelas agressões. Na sexta-feira (17) ele foi internado e só recebeu alta na quarta-feira (22).
Em nota, a Prefeitura de Praia Grande, por meio da Secretaria de Educação (Seduc), informou que a professora foi demitida por má conduta e afirmou que a direção da escola reportou o caso ao conselho tutelar.
A Prefeitura ainda disse lamentar as agressões sofridas pelo aluno e não compactuar com essas atitudes. O município afirmou que adotará ações de conscientização com os estudantes para que novos casos do tipo não aconteçam.
O g1 tentou contato com a professora, mas não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem.
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