Show de Taylor Swift no RJ: especialistas explicam por que fãs tiveram queimaduras dentro do estádio

Saúde
Ao menos duas pessoas relataram que se queimaram após caírem sobre placas de metal que faziam parte da estrutura do evento. Produtora não retornou ao pedido de resposta. Taylor Swift em 1º show no Rio de Janeiro
Stephanie Rodrigues/g1
Duas fãs de Taylor Swift relataram que tiveram queimaduras depois de caírem sobre estruturas de metal dentro do estádio o Nilton Santos, no Rio de Janeiro, no sábado (18). No dia, a cidade chegou a máximas de 42°C e o show chegou a ser cancelado por causa das altas temperaturas.
Especialista ouvido pelo g1 explica que as placas expostas ao calor podem chegar a 80°C e que houve falta de planejamento da organização.
👉Antes: O show da cantora norte-americana aconteceu durante uma onda de calor como nunca antes visto. Na sexta-feira (17), primeiro show, dezenas de pessoas passaram mal e tiveram que ser socorridas durante a apresentação. Uma jovem morreu, mas a causa da morte ainda é investigada. Após as ocorrências, a cantora cancelou o show no sábado alegando “temperaturas extremas”.
Anna Lúcia Assad Albuquerque, de 20 anos, teve queimaduras de 2° grau pelo corpo ao cair em um dos metais da estrutura do estádio.
Anna conta que viajou até o Rio de Janeiro um dia antes do show
Arquivo pessoal
“Foi a pior dor que eu senti na vida, eu gritei muito alto e não percebi que estava sendo queimada de primeira, achei que era só um ralado até a dor ficar insuportável”, conta.
Kléssia Menezes, de 26 anos, estava no estádio no sábado e teve queimaduras nas costas e pernas após levar uma queda quando entrava no espaço do show. Ela conta que seguia para a pista premium, quando foi empurrada e caiu.
Kléssia teve costas e perna queimada durante show adiado de Taylor Swift
Arquivo pessoal
O g1 entrou em contato com a T4F, responsável pela produção dos shows, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Chapas a 80°C e falta de planejamento
O g1 conversou com o especialista em gerenciamento de riscos, Moacyr Duarte, que explicou que por causa da temperatura extremas placas como as usadas na estrutura do show podem chegar a 80°C e causado queimaduras graves.
A pele da gente se decompõe perto de 68° C a 70° C e essas placas podem ficar a quase 80° C, se você colocar no sol. O que faltou ali foi falta de planejamento, haja vista a morte da fã e o sufoco que se passou para obter água para beber durante o show no dia que foi uma emergência meteorológica declarada pela Defesa Civil.
De acordo com a dermatologista Aline Grasielli Monçale, a pele já perde proteínas com temperaturas acima dos 44°C.
“Sabemos que as proteínas da pele começam a desnaturar aos 44°C, mas não dá para prever com qual temperatura queima, porque a gente pode queimar com uma temperatura menor do que essa se exposta por muito tempo”, diz Aline.
“Podemos queimar por frio, por gelo, por radiação, por mil outras coisas, que não o calor. Então, dependendo da superfície da pele, se a pele é mais fina, se tem um tecido em cima que chama calor, o tempo, a pré-disposição da pessoa, tudo isso influencia.”
Para Duarte, que foi responsável pelo gerenciamento de riscos no Lollapalooza de 2012, as queimaduras sofridas pelas fãs poderiam ser evitadas.
“Isso é previsível. A prevenção, por definição, é eliminar a causa. Então, se pegar um cenário desse, estudar o que pode machucar as pessoas, vai se chegar neste detalhe, e colocar avisos de que está quente ou, percebendo que vai esquentar, ir molhando”, afirma o especialista.
“É importante que a produção dos shows se atente à meteorologia do show e adequar isso para o conforto do público. Você não pode proibir a entrada de garrafa de água e não ter estrutura para distribuir água para as pessoas durante um show em um dia em que fez mais de 40°C. Precisa rever o planejamento para que não haja esse tipo de fracasso.”
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