CBF e seleção brasileira passam vergonha mundial em noite de incompetência no Maracanã

Esporte
Time comandado por Fernando Diniz perdeu para a Argentina em jogo que ficou marcado pela confusão antes da bola rolar A noite de 21 de novembro de 2023 entrou para a história como uma obra prima da incompetência, em todas as frentes, da Confederação Brasileira de Futebol e de autoridades do Rio de Janeiro. Será difícil repetir um encadeamento tão preciso de atos vergonhosos, embora haja fartura de material humano com disposição para cumprir tal tarefa.
A CBF agora é bicampeã na incapacidade de organizar decentemente um jogo contra a Argentina no Brasil. Dois anos atrás, o vexame se deu por meio da invasão de campo por agentes da Anvisa e a consequente interrupção da partida em São Paulo depois de poucos minutos de bola rolando.
Nesta semana o pacote veio mais completo: caos na venda de ingressos, desorganização total na distribuição dos torcedores no estádio, violência contra argentinos, descolamento de realidade nas manifestações após os ocorridos. Para eliminar qualquer dúvida de que os problemas de gestão transbordam para o gramado, também houve papelão dos jogadores e derrota em campo.
É preciso um tipo especial de esforço para levar ao mundo as cenas que o espetáculo organizado pela CBF produziu ontem: Lionel Messi, o maior jogador de futebol dos últimos 50 anos, pedindo a policiais brasileiros para que parassem de espancar seus compatriotas argentinos nas arquibancadas do Maracanã; o goleiro Dibu Martinez pulando desde o campo de jogo com os braços esticados na direção da arquibancada para segurar o porrete de um dos policiais e assim tentar evitar mais um ferido; uma mãe carregando um bebê de colo fugindo para o gramado, desesperada, acossada pelos policiais brasileiros que surravam qualquer um que parecesse argentino; gente com a cabeça aberta, ensanguentada, crianças chorando, adultos apavorados, assentos e copos de cerveja voando.
Enquanto tudo isso se dava atrás de um dos gols do Maracanã, a poucos metros dali os jogadores da seleção brasileira tocavam a bola numa roda de bobinho, como se nada estivesse acontecendo. Fernando Diniz, um técnico justamente celebrado pelo olhar humanista que traz ao futebol, caminhava com as mãos para trás, alheio ao sangue que jorrava e ao terror de quem pagou bem caro para estar ali e ver um jogo de futebol. Marquinhos, um digno capitão, foi o único a ter a decência de acompanhar os jogadores argentinos na tentativa de serenar os ânimos. Messi, cada vez maior como jogador e líder, retirou seu time de campo e só voltou quando a situação estava contornada.
Já na madrugada de quarta-feira, numa nota mais extensa do que esta coluna, a CBF publicou seus “esclarecimentos sobre os incidentes”. O texto – que não desperdiça uma linha para lamentar o episódio, pedir desculpas ou expressar empatia – resulta numa tentativa de transferência de responsabilidade, espetáculo grotesco que foi ensaiado ali, a quente, durante o tumulto, e ratificado com a publicação da nota oficial. Um desastre completo para quem pretende receber a Copa do Mundo Feminina de 2027.
Quando finalmente houve futebol, aconteceu o que tem sido mais comum em 2023: sob o comando de um técnico interino, o Brasil perdeu. Terceira derrota nas Eliminatórias, a quinta em nove jogos neste ano. A CBF desperdiçou um ano inteiro. Tema da próxima coluna.

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