Após morte em show de Taylor Swift e outras confusões no Rio, especialistas defendem novas regras para eventos

Brasil
A TV Globo ouviu especialistas sobre os problemas recentes em shows como o de Taylor Swift e do RBD, além da confusão no Maracanã no jogo do Brasil. Os entrevistados acreditam que os protocolos podem ser revisados, principalmente diante de emergências climáticas. Após morte em show de Taylor Swift e outras confusões no Rio, especialistas defendem regulamentação do setor de eventos
Especialistas ouvidos pela TV Globo defendem uma nova regulamentação para a realização de grandes eventos no Rio de Janeiro. As análises aconteceram após uma sequência de problemas durante show e jogos na cidade, como a confusão no Maracanã, durante o jogo entre Brasil e Argentina, na última terça-feira (21).
Apesar da vocação da cidade para grandes eventos, como o Réveillon de Copacabana e o Carnaval, por exemplo, o Rio virou alvo de críticas na última semana. Entre os casos que ganharam repercussão internacional, está a morte da jovem Ana Clara Benevides, de 23 anos, durante o primeiro show da cantora Taylor Swift no Rio de Janeiro, na sexta-feira (17).
Ana Clara Benevides Machado, de 23 anos, cursava psicologia na Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), em Mato Grosso
Reprodução/Instagram
Ana teve uma parada cardiorrespiratória na plateia, ao lado de outras 60 mil pessoas, no Estádio Nilton Santos. A morte ocorreu em um dia marcado pelas altas temperaturas no Rio de Janeiro, e por críticas de fãs à organização do evento por impedir o acesso do público com garrafas d’água.
Na opinião de Moacyr Duarte, especialista em gerenciamento de risco, os protocolos de grandes eventos devem considerar as emergências climáticas.
“Existem protocolos para impedir a entrada de água, por causa da tampinha que enche a água e taca no artista e por causa de drogas. (…) Esses protocolos não se sobrepõem a emergenciais climáticas (…) com temperaturas acima de 40 graus. Faltou sensibilidade e competência para a produção para distribuir água”, comentou Moacyr.
No fim de semana, depois da onda de calor, uma tempestade derrubou o palco onde aconteceria um show da cantora Marisa Monte, em Niterói. A apresentação teve que ser cancelada.
Palco que receberia show da cantora Marisa Monte desaba em Niterói
O analista e pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Leo Morel, acredita que as mudanças climáticas devem ser pauta obrigatória para todo produtor de grande evento.
“Primeiramente não se deu a devida atenção a onda de calor, que já tava programada pra acontecer no país e no rio. Acredito que isso é fruto das mudanças climáticas. Creio que não só os organizadores, mas toda a produção de grande evento tem que botar na agenda as mudanças climáticas. Isso infelizmente será comum aqui no nosso país”, disse Leo.
Leis para garantir segurança
Os especialistas também ressaltaram que é responsabilidade da organização e do poder público garantir o bem-estar e a segurança das pessoas durante eventos. De acordo com os entrevistados, é dever dos governos criarem regras claras que obriguem produtores e organizadores a evitarem tragédias.
Na opinião de Leo Morel, que tem anos de experiência trabalhando no mercado musical, é urgente uma regulamentação na produção de shows no país.
“Aqui no Rio tem um festival atrás do outro, muitos shows. É possível pensar numa regulamentação. O estado tem que estar presente, mas também porque arrecada impostos e divisas. É importante que os agentes públicos e privados estejam em contato para obviamente priorizar a qualidade do evento aos frequentadores, ao cidadão”, argumentou Morel.
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Palco de grandes conferências, shows e jogos internacionais, e com uma agenda de megaeventos repleta para os próximos anos, o Rio precisa aprimorar suas regras de organização do setor, segundo os especialistas.
“Eu acho que corremos risco de situações semelhantes, temos Rock In Rio, Carnaval, o Rio tem essa vocação por grandes eventos e festas. É importante buscar aprimorar a qualidade, o serviço, o que vai ser oferecido aos frequentadores que tão ali no lazer”.
“Muitos, no caso da Taylor, vieram só pra isso. Hospedagem, alimentação, pessoas que esperam muito pelo evento, e ai acontece isso. É muito ruim, perde a cidade”, completou Leo Morel.
Já Moacyr Duarte lembrou que os últimos acontecimentos devem servir de lição. Ele espera que a cidade aprenda com os erros.
“Que fiquem as lições apreendidas. As condições especiais dos eventos devem determinar os protocolos técnicos e as ações de preparação dos agentes que vão atuar nesses eventos, que fazem parte da história do Rio de Janeiro”, disse o especialista.

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